quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Efeito Musa I

Ás vezes gostava de te poder dizer a falta que de ti sinto.
O bem que me lembro dos teus olhos castanhos ( e não verdes, como costuma ser regra),
do teu cabelo cortado,
que tempos me dizes ter sido muito longo.
Da tua loucura,
maldição e dádiva simultânea,
que tanto me emudeceu
e que me fez sentir o tanto único que tu tens,
o tanto que me fez tremer as pernas e temer a queda física e imediata,
concreta e objectiva,
naquele momento único e irrepetível,
onde disseste que me amavas mais que tudo,
e onde caiste a meus pés,
e eu aos teus,

O esquecimento é impossível
a sensação de perda e de ridículo despropositado também,
neste momento em que de ti me lembro,
sabendo que nada mais és que um sonho açucarado e já tão longínquo,
lembrança clara da permanente crucificação do tal Cristo redentor.

Deixaste-me sozinho neste mundo plano e monótono,
sem nada mais esperar sem ser a fútil paixão animal
sempre disposta a foder até ao sangue mortal escorrer
e sempre desdenhosa desse tal conceito,
antigo,
desfazado e fora de moda,
essa tal coisa,
estranha e ridícula,
à qual alguns perdidos e estúpidos insistem e chamar de amor.

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